Palavras deveriam ser elementos conciliadores. Mas costumam funcionar como antítese de si mesmas.
Venho tentando utilizá-las da melhor maneira, com clareza, coerência e coesão.
Como aprendi no colégio.
Em vão.
Não há palavras que traduzam de maneira totalmente real o que vai por dentro.
Ou, se há palavras, não há voz.
Ou se há voz não há entonação.
Ou ainda que haja entonação, não há entendimento.
Então, às vezes, procuro deixar de lado as palavras e me valer dos gestos. Concretos, visíveis.
Mas eles, assim como as palavras, também são uns pobres incompreendidos. Ou uns cínicos traidores.
Não, não sou boa com as palavras. Nem tampouco com os gestos.
E quando eles se juntam para tentar explicar, para tentar mostrar, para tentar esclarecer, aí é que tudo vira do avesso, o azul enegrece, o brilho fica opaco, o sorriso escorre em lágrimas.
E eu fico, de novo, de cabeça para baixo.
Com uma palavra presa à boca e um gesto pendurado na mão.